A Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece de 22 a 26 de novembro de 2023, terá uma dupla de curadoras: Fernanda Bastos, jornalista gaúcha e editora de livros, e Milena Britto, professora da UFBA. Ambas estrearam na curadoria da Flip 2022, quando formaram um coletivo ao lado de Pedro Meira Monteiro. “O ponto fundamental que caracteriza o trabalho da dupla curatorial é que, tanto a Fernanda quanto a Milena, são leitoras de vários conjuntos, de vários brasis. São faróis que iluminam caminhos ainda pouco percorridos na nossa paisagem cultural e literária “, diz Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip.
Pela Flip já passaram autores das mais variadas origens, tendências e linguagens. “A dimensão empática da literatura é, sem dúvida, uma das razões por que buscamos um texto, um escritor ou uma escritora. Basta apenas uma emoção para que possamos nos conectar com sujeitos e universos.”, comenta Milena Britto. “Quando a literatura ocupa espaços coletivos, como a FLIP, quantos nos tornamos e quantos universos podemos ocupar para além daqueles que habitamos?”, reflete Fernanda Bastos.
Em 2023, a Festa segue em busca da criação de outras formas de alcançar o sentimento do mundo. Mais do que o local de partida e de chegada, as curadoras se interessam pelos deslocamentos. Suas trajetórias refletem essa vocação. Milena Britto dedica-se, entre outros temas, a pesquisas sobre gênero, literatura e estratégias de legitimação no campo literário. Tem sido professora visitante em universidades da América Latina e dos Estados Unidos, onde estará a partir de julho na Universidade de Berkeley, Califórnia. “Milena Britto é um radar de sensibilidade dentro e fora do Brasil, o que reforça a essência de universalidade da Festa”, comenta Munhoz.
Fernanda Bastos, além de jornalista, é também poeta e editora de livros pela Figura de Linguagem, editora negra e independente, que foi reconhecida com Homenagem Especial do Prêmio Açorianos de Literatura de 2019. “Juntas, estão imersas em uma população cuja rotina é marcada pela luta por direitos, entre eles à leitura e à literatura”, complementa o diretor artístico sobre a sinergia entre os dois nomes escolhidos para este ano. Em 2023, a Flip reafirma seu compromisso em construir audiências, nos auditórios da programação principal, na praça ou no que transborda nos espaços parceiros e na programação que segue independente da festa.
“Nosso desejo na curadoria desse ano é seguir honrando a tradição da festa e reproduzir uma porção diminuta da polifonia que é característica de uma população diversa e curiosa como é a brasileira, sem perder de vista que a literatura não precisa estar distante e dissociada do desejo de vida de cada um e cada uma de nós”, diz Bastos.
No ano passado, ambas estiveram à frente de uma grande façanha. Entre o anúncio e a entrega do Prêmio Nobel de Literatura em 2022, Annie Ernaux figurou entre os autores do Programa Principal. Isso, no entanto, não parece intimidar a dupla. “Todos os nomes que compõem a programação da Flip são grandes e levam consigo para Paraty o reconhecimento de uma multidão de leitores. Claro que os prêmios e distinções diversas ajudam um autor a chegar a mais pessoas, mas é papel da Flip também perceber quem ainda precisa ser legitimado, como foi o caso da nossa homenageada de 2022, Maria Firmina dos Reis”, conta.
Patsy, Mara Lobo, King Shelter, Ariel, Pat, Léonie, Pt, Gim, Solange Sohl, Peste. Quantas escritoras se manifestaram em Pagu? Quantos universos a autora criou e expandiu por meio de suas produções? Muitas são as paisagens de dentro e de fora que ela nos mostra com suas múltiplas linguagens, todas trazendo em comum uma contestação incansável diante do mundo rígido. Com seus modos de dizer e desenhar mundos, Pagu desenvolve uma paisagem em que são retratadas diversas mulheres brasileiras: operárias, mães, boêmias, artistas, as que aspiram à liberdade. É transformador olhar o presente por meio das lentes de Pagu.
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Jornalista, tradutora e editora de livros. Fundou, ao lado do crítico literário Luiz Mauricio Azevedo, a editora Figura de Linguagem, casa negra e independente sediada em Porto Alegre, para a qual colabora com traduções, como a do volume de poemas da afroamericana June Jordan. Atua como apresentadora na TVE RS e no podcast Onda Negra, da Plataforma Feminismos Plurais.
Professora na Universidade Federal da Bahia, dedica-se, entre outros temas, a
pesquisas sobre gênero, literatura e estratégias de legitimação no campo literário. Tem
sido professora visitante em universidades da América Latina e dos Estados Unidos
Além da carreira acadêmica, tem atuação em políticas públicas para a área de
literatura, participa de ações voltadas para a difusão de leitura, é crítica literária e
curadora de diversos projetos culturais. Fez parte do coletivo curatorial da Flip 2022
juntamente a Fernanda Bastos e Pedro Meira Monteiro.