“Quem é o leitor no seu imaginário”? Com essa questão a mediadora “Semente” Júlia Schmidt, coordenadora da Casa Flipeira, convida estudantes do Magistério do CEMBRA a refletir sobre o trabalho com mediação de leitura. “É alguém que sente? Pensa? Tem experiências? Entender que visão de leitor nós temos é fundamental para traçar um caminho para a mediação de leitura acontecer”, pontua diante de olhos atentos ao livro em suas mãos e aos ensinamentos no encontro formativo promovido pelo Educativo Flip dentro da Biblioteca Maria Angélica Ribeiro, localizada na escola estadual em Paraty.
No diálogo com jovens, Júlia convida à reflexão sobre o trabalho com literatura. Uma das obras escolhidas para conduzir a aula é “Casa das estrelas: O universo pelo olhar das crianças” (Planeta, 2019), de Javier Naranjo. Recheada de significados construídos pelas crianças, ela nos dá pistas essenciais sobre leitura e abre possibilidades de investigação da relação dos livros na infância. “Quando pego um livro como esse devo questionar o que ele isso nos diz”, contextualiza Júlia. “As crianças sabem ler”?
“Sim, o mundo”, responde entusiasmada a estudante Aracy Pipoca. “Esse livro nos mostra o quanto as crianças são leitoras de mundo”, completa.
E se pegamos um livro-imagem e escolhemos compartilhar a mediação em absoluto silêncio… Júlia faz isso com maestria. “Diante das páginas ilustradas, vocês leram? É possível ler sem som? Ler sem letras? O que lemos”?
“Imagens”, afirmam em uníssono o grupo.
Pois Júlia instiga a outros olhares. “É preciso ser alfabetizado para saber ler? Quem lê, sabe ler o quê? Palavras? Materiais? Folhas? Imagens”? As ideias vão ampliando a provocação.
“Existe uma frase que vocês provavelmente conhecem e praticamente todo educador brasileiro já ouviu: a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, reflete Júlia. “Isso é trazer Paulo Freire para a prática da mediação de leitura”.
Instigados a seguir na pesquisa sobre a mediação de leitura, a turma completa o movimento formativo iniciado em setembro de 2024 na Casa Flipeira no encontro conduzido por Day Silva, coordenadora do espaço cultural, e Denise Col, coordenadora pedagógica do Educativo Flip.
Texto: Débora Nobre Monteiro