Chegamos ao último dia da 21a. Flip

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Hoje é 26 de novembro. Chegamos no último dia de Festa. E já estamos com saudades da Flip 2023.

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Poesia é risco

De muitas maneiras, Pagu e Augusto de Campos, respectivamente Autora homenageada e Artista em destaque, estão presentes em Paraty. No caso de Augusto, a presença ocorre de forma mais especial: através de seu filho, o músico Cid Campos.

Ontem (25), Cid proporcionou ao público outra forma de interagir com as obras do poeta, apresentando o espetáculo Poesia é risco, que tem um álbum homônimo lançado em 1995. No Auditório da Praça, acompanhado apenas pelo violão, o artista musicou algumas das poesias de Augusto. Ao fundo do palco, um telão exibiu a animação digital dos versos, aprofundando o propósito do movimento construtivista.

Auditório da Praça assiste à conversa entre Caetano Veloso e Augusto de Campos. Foto: Sara de Santis

Depois da apresentação de Cid, foi exibido um vídeo de uma conversa entre Augusto de Campos e Caetano Veloso. Se anteriormente foi atribuída a Augusto a responsabilidade de resgatar as obras de Pagu, atualmente, o poeta sente que é Pagu quem tem dado mais visibilidade a ele. “Ando sumido, mas estou aparecido por causa da Pagu. Ela é um caso interessante na cultura brasileira. Apesar da grande quantidade de livros que escreveram sobre ela, acho que até hoje Pagu ainda não foi bem compreendida”, declarou o artista.

Quem é Augusto de Campos?

Nascido em São Paulo, em 1931, Augusto de Campos empreende uma jornada de intensas reivindicações e embates culturais ao longo dos séculos 20 e 21. Um dos momentos mais célebres dessa trajetória está ligado ao movimento concretista, projeto estético criado por Augusto, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Juntos, eles defendem a relevância do experimentalismo e da dedicação à forma da poesia, que se desdobra em aspectos gráficos e fonéticos das palavras, numa dinâmica verbicovisual. A obsessão pela comunicação e pela interatividade é expressada em experiências com suportes variados, como nos Poemóbiles, poemas-objetos produzidos com Julio Plaza, e na produção musicada de seu filho.

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Cobertura | Onde moram os livros

Também guardamos pedras aqui (Editora Nós), vencedor do Prêmio Jabuti 2023 de Poesia e Livro do ano, de Luiza Romão, agora ganha versão em audiolivro pela Supersônica na voz da própria autora. Durante o bate-papo na Casa Paratodos, a poeta e slammer contou os bastidores dessa adaptação e adiantou: “Estamos levantando um espetáculo a partir do livro e, se tudo der certo, estreamos ano que vem”. Este foi o primeiro audiolivro de poesia publicado pela Supersônica. “Também foi a primeira vez que a gente trabalhou com desenho de som. Esse foi um dos recursos que usamos para lidar com a grande dificuldade do audiolivro, que é a de encontrar uma tradução para um formato totalmente diferente do papel e que crie uma sensação similar à da leitura”, completou a editora Maria Carvalhosa.

Conceição Evaristo na Casa Estante Virtual. Foto: Sara de Santis

A rua tomada para ver Conceição Evaristo

A fila para ver Conceição Evaristo na Casa Estante Virtual dobrou a esquina e chegou até a praça da Rua da Matriz com centenas de leitores ansiosos para ver e ouvir a sabedoria da autora mineira, que foi ovacionada durante sua entrada para a mesa de debate. Muitos estavam na fila desde as 7h da manhã e cadeiras precisaram ser retiradas para que mais gente pudesse assistir ao bate-papo com participação de Vagner Amaro, editor da Malê, e da jornalista Renata Ferreira. Os organizadores relataram nunca terem visto uma mesa ficar tão cheia por lá. Isso mostra o tamanho da envergadura da escritora.

“A literatura me salvou desde menina, nos anos 1950. Muitos dos meus contos foram criados a partir de histórias que escutei na infância. É difícil suportar a pobreza, a vulnerabilidade… e escrita sempre foi a minha válvula de escape. Não sou eu que faço a literatura, é a literatura é que me faz”, contou Conceição, que também aproveitou a ocasião para anunciar a publicação do livro O silencioso pranto dos homens, pela editora Malê. “Nós temos o direito de nos apropriarmos dessa ferramenta que é a escrita e a leitura. Eu vejo que cada vez mais tem essa reviravolta do acesso ao livro como um direito. A Flip mudou de cara. Está havendo uma democratização das autorias”, finalizou. Ao longo do dia, ela ainda participou de outras conversas, dentre elas o lançamento do livro Macabéa: Flor de Mulungu (Oficina Raquel).

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Cobertura | Vozes femininas na poética contemporânea

“A nossa poética não é linear, ela é espiralar. E é antes, é depois, é agora, tudo ao mesmo tempo. A luta é permanente. Assim como o povo preto não vai voltar para a senzala, a gente não vai voltar para a cozinha. A força do patriarcado é imensa, mas a gente aprendeu de alguma forma a dizer não”, disparou Kellen Dias em sua fala de abertura na mesa “Vozes femininas na poética contemporânea”, que aconteceu no Auditório da Quadra. Com mediação de Juliana Matos, as autoras Úrsula Antunes e Leila Mendes, junto com Kellen Dias, também conversaram sobre suas técnicas literárias, e leram e comentaram trechos de alguns de seus poemas. “A poesia é o lugar do caos. Na poética, nós temos o lugar de colocar a destruição e o caos para fora. O feminino também é desejo e transformação. Por muito tempo, o desejo foi algo proibido e subterrâneo para a mulher. A poesia abre essa fissura para que a gente se rasgue no gozo. O mundo precisa entender que o feminino também é brutalidade”, defendeu Úrsula.

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Cobertura | A escrita em meio ao caos

Nos arredores do centro de Paraty, aproximadamente 200 casas literárias de instituições parceiras, associações, veículos de mídia, projetos e editoras independentes compõem o cenário. Uma delas é a Casa Escreva, Garota!, um grupo de apoio e capacitação para mulheres que escrevem. Na tarde de sábado, com mediação de Tatiany Leite, o espaço recebeu Ana Suy, autora de A gente mira no amor e acerta na solidão (Planeta), e Alice Miranda, escritora finalista do Prêmio Kindle de 2022, para debater novos espaços, oportunidades e formatos para as vozes femininas na literatura. Logo de início, Ana desmistificou a ideia da autora como uma figura solitária: “A escrita é feita do outro. A linguagem é feita do outro. Não somos nós que inventamos as palavras que precisamos encontrar para dizer algo para alguém. Não por acaso, chamamos nossa língua de ‘língua materna’. Além disso, é para um outro que escrevemos. Se escrevemos, é porque aquilo precisa ser lido”.

Alice Miranda complementou a discussão buscando desconstruir o ideal de que a autora e o autor precisam alcançar o momento perfeito para poder escrever e publicar: “Sonhava em escrever numa casa limpíssima, com uma orquídea lilás ao lado, com uma taça com água e um silêncio absoluto para eu poder criar. Sentei e esperei por isso, até ver que não ia rolar. Enquanto eu sonhava com esse cenário, consegui colocar o livro no mundo com uma criança pequena, desfraldando, no meio da pandemia, com a máquina de lavar fazendo barulho. Nós esperamos o momento perfeito, mas ele não existe”.

Sidarta Ribeiro e Luiz Eduardo Soares na Casa Folha. Foto: Sara de Santis

Nasceram flores

A Casa Folha recebeu um público diverso e interessado para a mesa “Prende ou Passa”, que tinha como convidados o neurocientista Sidarta Ribeiro e o antropólogo Luiz Eduardo Soares. Reunidos pela ocasião do lançamento do novo livro de Sidarta, As flores do bem (Fósforo, 2023), eles debateram a urgência de acabar com a Guerra às Drogas, que encarcera e mata alvos bem definidos, pertencentes a um recorte social claríssimo: jovens, pretos e pobres sem antecedentes criminais, pequenos varejistas de um sistema controlado pelos poderosos no atacado. “A Polícia Militar é numerosa e pressionada por diversos setores da sociedade. Isso leva ao excesso de prisões em flagrante […] Estamos destruindo vidas em massa”, explicou Soares.

Em sua terceira passagem pela Flip, após participar do Programa Principal em 2015 e 2019, Sidarta falou sobre o debate acerca da definição da quantidade de droga que pode ser considerada como porte para uso pessoal ou crime, denunciando o atraso da resolução desse problema. Ainda afirmou que a pecha de traficante é a que define quem pode ser morto pelo Estado: “Por acaso existe pena de morte no Brasil?”, questionou. Soares, então, disse que não há liberais organizados no Brasil, apenas conservadores com ideias econômicas libertárias. Sidarta, então, afirmou que há progressistas que têm ideias que convergem com uma direita ultraconservadora: “Os partidos da esquerda, por conivência ou convencimento, tomaram o mesmo caminho”.

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O pequeno gigante da canção

A última mesa do dia na Casa Folha foi dedicada a um dos cantores mais importantes da música romântica brasileira, Nelson Ned. O jornalista e escritor André Barcinski, que está lançando Tudo passará (Companhia das Letras, 2023), dividiu a mesa com Veca e Monalisa Ned, filhas do cantor. Os três contaram histórias divertidas e emocionantes sobre Nelson, um cantor que é marginalizado pela crítica, mas cujo apelo popular era inigualável. “Nelson é tão imenso na música brasileira e internacional que é chato lembrar de sua importância”, diz Barcinski, lembrando que seu biografado vendeu 45 milhões de discos, tendo sido o primeiro cantor latino a conseguir vender mais de 1 milhão de discos nos EUA. “A competição de Nelson Ned era Roberto Carlos, Julio Iglesias e Luis Miguel, os galãs. E nunca usou o nanismo para se promover, isso sempre me fascinou nele”, afirma o autor.

Tanto Veca quanto Monalisa fizeram questão de ressaltar a importância do pai ao longo de sua infância e juventude, afirmando que ele nunca deixou que a condição singular das filhas – que também têm nanismo – acabasse com sua autoestima. “Ele criou um país imaginário só de pequenos, no qual era rei, nós éramos as princesas e nosso irmão, o príncipe. E todo mundo que era grande sofria bullying. Era a Nedlândia”, afirmou Monalisa. “Vê-lo na TV fez com que percebêssemos sua fama. Ali, ele era realizador dos nossos sonhos”, disse Vera.

Barcinski ainda lembrou da importância da música romântica no Brasil: “Desde o começo da indústria do disco no país, a música romântica sustentou as gravadoras. Enquanto a Philips lançava a elite da MPB, como Caetano e Chico, que vendiam muito pouco, seu selo Polydor, que lançava a dita música brega, sustentava essas carreiras”. Monalisa concordou e então disse: “O público do meu pai é o mesmo dos Racionais, o pobre, o frentista. A canção do rádio é feita para essas pessoas”.

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Uma frágil democracia

A fragilidade faz parte da essência de uma democracia? É com essa pergunta que o mediador Pedro Meira Monteiro abriu o painel “Onde a democracia nos leva”, que contou com a participação de Conrado Hübner Mendes, professor-doutor de Direito Constitucional na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; e Margarita Serje, professora titular do Departamento de Antropologia da Universidad de los Andes (Colômbia). O questionamento emerge em meio a um contexto de crescentes movimentos e governos autoritários ao redor do mundo, especialmente na América Latina.

“Onde a democracia nos leva” na Casa da Cultura+Flip. Foto: Sara de Santis

Com cautela antes de se aventurar em uma resposta, Margarita lembrou que, ao contrário do que comumente se acredita, a democracia não é uma criação exclusivamente ocidental. “A democracia não foi inventada no Ocidente. Ela foi praticada por muitas sociedades aborígenes. E não estou falando de sociedades pequenas, mas de casos de sociedades indígenas em grande escala. Nessas sociedades, a democracia era praticada da mesma forma que a nossa.”

Já Conrado rejeitou a ideia de que um tecido democrático é composto apenas por instituições e pela noção de eleições a cada quatro anos. “O próprio conceito de democracia não está dado; ele está sendo permanentemente questionado, seja como um regime que visa nossas liberdades ou como um em que somos iguais”, pontuou o debatedor. Mais do que navegar entre conceitos, a democracia estaria distante de seu verdadeiro propósito. “A democracia é um regime de explosão, de paixões, de projetos, de ideais. É nela que realizamos nossa igualdade e nossa liberdade, mas ela tem falhado em cumprir suas promessas. Precisamos aperfeiçoá-la, pois ela tem sido insuficiente. No caso do Brasil, ela não resolveu a violência policial ou a desigualdade. Se não resolveu esses problemas, a quem, de fato, ela está atendendo?”

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Cobertura | A guerra contra as mulheres e a resistência feminista

A conversa entre Silvia Federici, Verónica Gago e Luci Cavallero era uma das atrações mais aguardadas da Flipei. Com mediação de Jéssica Balbino, o bate-papo foi pautado pela importância da luta feminista, da memória coletiva e da necessidade de cooperação para uma verdadeira revolução sistêmica. Silvia Federici defendeu a remuneração do trabalho doméstico e do cuidado materno, falou sobre os perigos da política ideológica neoliberal de explorar o corpo como uma máquina e também explicou o processo de construção de Além da pele, publicação recém-lançada no Brasil pela Editora Elefante. “Esse livro nasce de um momento particular. Senti a necessidade de repensar o que foi a onda da luta feminista da política do corpo dos anos 1970. Até hoje, alguns estados dos EUA possuem a lei de proteção ao feto. O capitalismo nos ensina a ter medo uns dos outros e a ser individualista. Não podemos lutar sem mudar a lógica que governa a sociedade e criar uma concepção diferente do corpo, não como algo biológico, não como algo fragmentado, mas sim como sujeitos de corpos abertos e que se conectam”, argumentou a filósofa em espanhol, enquanto o público entoava: “Olê, olê olê olá, Silvia Silvia!”.

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Cobertura | Mesa 14

Alguém telegrafa para o mundo pedindo atenção

O sábado da programação principal começou com a Mesa 14: Alguém telegrafa para o mundo pedindo atenção. Natalia Brizuela recebeu Gustavo Caboco, Marília Garcia e Maria Dolores Rodriguez em uma conversa que teve como tema principal o papel da memória na produção poética e artística de cada um.

Gustavo Caboco propôs uma diferenciação sutil entre palavras que orbitam o campo semântico do termo: “Há uma diferença cultural grande entre apagamento e esquecimento, porque o apagamento é algo contra o qual lutamos de maneira muito frontal, diariamente, algo sistemático e violento, sobretudo em se tratando do modo como as populações indígenas são invisibilizadas. Apagamento e esquecimento, o invisível e a invisibilidade. Talvez seja muito subjetivo olhar essas coisas ao mesmo tempo, mas acredito que é uma relação presente e cotidiana. Penso a arte e a literatura indígena a partir da ideia do esquecimento como algo capaz de criar valor, de dar sentido em lugares como o aqui e o agora”.

A mesa ainda contou com a leitura inédita de um poema de Marília Garcia, escrito na noite anterior a sua participação na Flip. “​​Será que eu não estou sempre tentando dizer a mesma coisa? Como fazer para congelar o tempo? Como dizer para cada um que está aqui hoje? Agora ouça, segure esse fio invisível entre a gente. Isso é um poema. E ele diz, eu estou aqui para você. O que eu posso tentar fazer é segurar ou tentar segurar o presente que temos em comum. E isso é uma das coisas que têm sido importantes para mim. Pensar nesse presente compartilhado. Eu estou aqui com a Dolores, o Gustavo, a Natalia. Com todos vocês aqui no auditório, na praça, no YouTube. E o que a gente tem em comum é esse presente. Estarmos juntos aqui nesse túnel de água ou nesse túnel de poeira.”

Já Maria Dolores Rodriguez discutiu como as distorções da biografia podem ser úteis na construção de sentidos poéticos: “Eu faço parte de uma população que foi deslocada, e conosco trouxemos gestos, cânticos, sementes, santo, e a experiência do arquivo deve ser pensada desse outro lugar: do intermédio da história através da invenção, essa história que é sempre inventada. As pessoas dizem que eu vim de Feira de Santana, mas isso já se tornou uma ficção: uma invenção que a literatura e a arte me permitem realizar, assumindo eu mesma o lugar da inventora”.

Kelefa Sanneh na 21ª Flip, na mesa “O meu primeiro amor que acabou com o segundo”. Foto: Walter Craveiro

Cobertura | Mesa 16

O meu primeiro amor que acabou com o segundo

Na Mesa 16: O meu primeiro amor que acabou com o segundo, a jornalista Adriana Couto recebeu o crítico musical Kelefa Sanneh, autor de Na trilha do pop: a história da música do século 20 em sete gêneros (Todavia, 2023). Nessa obra, Sanneh revisita cinquenta anos de música pop em uma busca das histórias de seus estilos, tendências e movimentos. Durante a conversa, Sanneh pôde compartilhar com o público da Flip um pouco das sínteses elaboradas por ele ao longo dessa pesquisa de fôlego impressionante.

Embora não seja possível discutir o tema de forma linear, o autor apresentou uma pequena teoria sobre a construção da música pop, uma ideia que talvez contraponha certos lugares comuns: “Muito se fala sobre o quanto a música pop nos une, mas eu acho que esse conjunto de gêneros é tão importante justamente porque ele causa discordância e divisão. Não existiriam tantos gêneros musicais se esse tipo de linguagem não fosse acompanhado por um senso de rebeldia e individualidade. Grandes amantes da música, ouvintes dedicados, muitas vezes são pessoas bastante intransigentes a respeito do gosto alheio. Mesmo que sejamos educados e toleremos a preferência do outro, no fundo estamos nos corroendo de indignação, se perguntando ‘como é que essa pessoa gosta disso?’”.

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Cobertura | Mesa 18

Vocês servirão de lenha para a fogueira transformadora

Um debate que tem a poeta e ensaísta Leda Maria Martins como uma das convidadas não poderia começar de outra maneira que não fosse com poesia. No caso da Mesa 18: Vocês servirão de lenha para a fogueira transformadora, ao lado da autora estadunidense Christina Sharpe, foi mais do que isso; foi uma homenagem cantada aos ancestrais. Nos primeiros minutos, ela convida o público a acompanhá-la: “Eu venho da tradição dos reinados, e nós sempre pedimos licença. Então cantem comigo: ‘É um novo dia, um novo dia, deixe o dia lumiar. Peço licença, com licença, deixa o meu gunga raiar'”. Para quem já teve contato com os pensamentos e obras de Leda, sabe que ela gosta de experimentar a palavra para além da escrita e leitura tradicionais, voltando-se para o toque e a corporeidade. A palavra, para ela, é corpo.

Mesa “Vocês servirão de lenha para a fogueira transformadora”, com Leda Maria Martins e Christina Sharpe. Foto: Walter Craveiro

No debate, as duas autoras discutiram sobre a potência da arte negra e de suas respectivas estéticas. Christina falou sobre o que buscava ao escrever seu novo livro, No vestígio: negridade e existência (Ubu, 2023). “Nós, pessoas negras, somos constituídas de forças poderosas, mas não somos conhecidas apenas por essa força. Foi importante para mim, ao escrever ‘No vestígio’, pensar nas formas que a negritude é moldada nos navios negreiros. As pessoas negras são feitas num processo violento de captura, transporte e escravização, mas essas não são as únicas formas pelas quais nos reconhecemos. O formato [do livro] era importante para falarmos sobre o conhecimento e as coisas que produzimos.”

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Esse conteúdo é uma parceria entre a Flip e a Revista Bravo!

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