De um lado, o mar; do outro, os livros…

Categoria:

Bem-vindos a Paraty. De 22 a 26 de novembro, a cidade será tomada pela 21ª Festa Literária Internacional de Paraty, uma das maiores e mais importantes manifestações culturais da América Latina. Ao longo de cinco dias, o evento reunirá artistas, autores, pesquisadores e amantes da literatura. A programação abrange debates com escritores, sessões de cinema e apresentações musicais e teatrais.

Como é tradição, a Festa presta tributo a figuras importantes para a literatura brasileira. Neste ano, além de Patrícia Rehder Galvão (a Pagu), Autora homenageada, a Flip celebra a vida e a obra do poeta Augusto de Campos, Artista em destaque da edição.

A curadoria da Flip 2023 ficou a cargo da dupla Fernanda Bastos, jornalista gaúcha e editora de livros, e Milena Britto, professora da UFBA e professora visitante em universidades na América Latina e nos Estados Unidos, ambas foram curadoras da última edição.

Vista de Paraty. Foto: Walter Craveiro

O que esperar do primeiro dia

Os autores David Jackson, professor de Literatura Luso-Brasileira na Yale University, e Adriana Armony, doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, compartilham um tema de interesse em comum: os estudos da vida e da obra da autora e militante Pagu. Às 19h, na primeira mesa da Flip, A mulher do povo, os escritores falarão sobre a contribuição de Pagu para o tempo em que ela viveu, e o legado que deixou para as gerações seguintes.

E como em toda boa festa, é preciso haver música. Às 21h, no Auditório da Praça, Adriana Calcanhotto se junta a Cid Campos em uma apresentação idealizada especialmente para a 21ª Flip. Nesse show de abertura, os artistas celebrarão Pagu e Augusto de Campos.

Da produção de Augusto, estarão presentes quatro poemas de Emily Dickinson (1830-1886) traduzidos pelo poeta e musicados por Cid, que também trabalhou em dois poemas de Pagu, “Canal” e “Que”, inéditos em música. Além disso, serão apresentadas canções de Rita Lee para Elza Soares, de Gal Costa para Rita Lee, traduções de Augusto gravadas por elas e a canção de Rita Lee e Zélia Duncan para Pagu. “São empilhamentos de belezas”, conta Adriana, que estará no palco acompanhada por Pedro Sá (guitarra), Bruno di Lullo (baixo) e Rafael Rocha (bateria e percussão), músicos com quem trabalha com frequência separadamente, mas que estarão juntos nessa formação pela primeira vez, e Aline Gonçalves (flautas, clarinetes e sax), que também estreia com Adriana.

O show de abertura é gratuito, e não é necessário retirar ingressos.

Patricia Galvão, Pagu, homenageada da 21ª Flip

Afinal, quem foi Pagu? 

É um desafio injusto dimensionar a importância e as realizações de Pagu em algumas linhas. O que se pode dizer, com tranquilidade, é que ela desempenhou diversos papéis e se permitiu ser muitas em vida. Foi jornalista, dramaturga, poeta, tradutora, cartunista e crítica cultural. Nascida em 1910, no interior de São Paulo, ela se moveu por muitos ideais: a luta por justiça social e pelos direitos das mulheres. Nessas batalhas, fez da arte, especialmente o teatro, e da literatura suas verdadeiras armas. Por sua coragem e ousadia, sofreu inúmeras tentativas de silenciamento, inclusive do próprio Estado: prisão e tortura. Apesar de tudo, sua voz continua inspirando obras, debates e batalhas – que se mantêm inacabadas. Conheça mais sobre a trajetória da autora.

___

Artista em destaque: Augusto de Campos

Não se trata de uma coincidência a escolha de homenagear Augusto de Campos, um dos mais célebres poetas de seu tempo, no mesmo ano em que Pagu. Pode soar como uma surpresa, mas há paralelos na vida dos dois artistas. Augusto também nasceu em São Paulo, um pouco mais tarde, em 1931. Como tantos outros jovens de seu tempo, decidiu percorrer o caminho das leis, estudando na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Sua estreia na literatura aconteceu quando tinha apenas 20 anos, ao publicar O rei menos o reino. Esse foi um caminho sem volta, no qual mergulhou com todas as forças. Em 1956, criou o movimento literário da Poesia Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Para além das suas contribuições como escritor e tradutor, Augusto é um leitor dedicado e encontrou correspondência na voz da poeta Solange Sohl. Solange, entretanto, era apenas um dos pseudônimos de Patrícia Galvão, e essa descoberta foi o que o permitiu, anos mais tarde, na década de 1980, publicar Pagu: vida e obra, livro responsável por tirar a autora de anos de esquecimento. Saiba mais sobre a vida do poeta.

Augusto de Campos, artista destaque da 21ª Flip

Prévias da programação

Os dias da Flip são intensos, com diversas programações espalhadas pela cidade, por isso é bom planejar as atividades das quais se pretende participar, pois a maioria dos locais está sujeita à lotação e os ingressos para o Programa Principal esgotam rapidamente. Na quinta-feira (23), destacamos duas mesas com lugares ainda disponíveis: Um teatro, um precipício, que terá a participação de Flora Süssekind e Marion Aubert, e Digamos que seja a lua nova, com Manuel Mutimucuio e Tatiana Pequeno.

___

Programa educativo

Além do Programa Principal, a Flip desenvolve o Programa Educativo, voltado a crianças, jovens e adultos. Inteiramente gratuitos, a Flipinha e a Flipzona, como são conhecidas, este ano acontecem em parceria com o Sesc Paraty. O tema disparador desta edição é “modos de habitar”, ou seja, títulos e autores que ampliam o olhar sobre a ecologia e a maneira como nos relacionamos com o universo à nossa volta: modos de habitar o planeta, as escolas, as bibliotecas, nossas casas e até mesmo nossos corpos. Confira a programação completa aqui.

____

Flip+

A Flip+ é uma iniciativa recente na história do evento. Criada em 2019, sua missão é expandir os debates da programação por meio de outras linguagens, como o cinema e o teatro. Neste ano, a curadoria preparou uma série de 17 conversas e conferências, além de uma apresentação teatral. Confira a programação completa da Flip+Casa da Cultura aqui, e de Flip+Cinema da Praça aqui.

___

Espaços parceiros

Desde o primeiro ano da Festa Literária em Paraty, havia a noção de que a Flip, embora inovadora, não poderia se fechar em si. Em outras palavras, ela precisava criar diálogos com o seu entorno. Em 2003, antes de sua primeira edição, a Flip convocou a reunião das instituições e manifestações locais para catalisar uma programação cultural paralela, autônoma e independente ao Programa Principal e ao Programa Educativo da Flip durante os dias da Festa. Saiba quais são as instituições parceiras.

Detalhe noturno das ruas de Paraty à noite. Foto: Walter Craveiro

Onde se hospedar

Já não há muito tempo para planejar a viagem, então corra. Em dias de Flip, a cidade ferve. No site do evento, você encontra uma lista de pousadas e hotéis listados a partir de uma média de valores. Há também uma seção de restaurantes e bares badalados em Paraty.

Esse conteúdo é uma parceria entre a Flip e a Revista Bravo!

Compartilhe esta notícia: