Nonsense: coisa da infância

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A penúltima mesa da 20ª Flipinha, “Ideias em (re)construção”, com Biry Sarkis e Renato Moriconi, debateu a polivalência atrelada à uma literatura ilustrada e como apresentar assuntos complexos, manusear os próprios pensamentos para que sejam compreendidos.

Quando questionado sobre a história que originou seu livro, “Tiê”, Biry Sarkis afirmou que a origem vinha da música de mesmo nome de Dona Ivone Lara. Sempre esteve em contato com a música, mas nunca a escutou atentamente, até que a ouviu reinterpretada por Criolo e começou a rascunhar o livro. “Quando eu tenho uma ideia pra livro, já divido em páginas. Penso do começo ao fim, divido tudo. Não é uma história, são historinhas, rascunhos que pintaram de ser um livro”, afirma o autor. Ainda disse que sempre apresentou dificuldades para ler livros sem ilustrações, sua atenção sempre se dispersava, ler imagens o mantinha atento à história.

Moriconi comentou que literatura infantil sempre lhe agradou, lia quando criança e continuou a ler quando adulto. Inclusive, elementos que via quando criança afetaram sua obra, Uma planta muito faminta: “o que me agradava e agrada na literatura infantil é o nonsense, essa coisa da infância. Meu livro tem uma questão de exagero e expansão. Afirmar que uma criança gostaria disto ou daquilo, é reducionista. Estraga a obra, o produto e a criança, porque enxerga ela [criança] como produto, mercado.”

No fim do da conversa, uma das mediadoras os perguntou sobre qual sentimento esperavam que o livro causasse, Moriconi disse: “Sobre o ‘Uma planta muito faminta’, eu queria me divertir. Me divertir com meu filho. Rir com coisas bobas, não falar e escrever coisas adultas, só ser bobo mesmo – é sempre tudo tão acadêmico o tempo todo. Acho que ser bobo é muito bom. ‘Planta Faminta’ é isso, espero que riram de coisas bobas. […] Fazer livro é como andar pelado, nossa alma tá exposta pra todo mundo, e tem quem vai gostar e quem não.” Biry riu e complementou: “Eu gosto de coisa engraçada, gosto de rir. Não gosto de desenho da Disney, me fazem chorar. E eu não penso em como vai atingir o leitor, só faço questão de que o que faço, seja visto.”

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