Roda de conversa na Flipinha resgata saberes infinitos

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A sabedoria dos mestres griôs sobre a vida permeiam a roda de conversa intitulada: “saberes infinitos”, no Auditório da Santa Rita, nesta 21a Flip. A história de dona Benedita Martins sobre seus desafios até escrever seus livros emocionou a plateia, que também acolheu Nilton Aguiar e sua tradição na Folia de Reis. De quebra, a roda ainda contou com a presença do autor Marcelo D’Salete.

Cada tradição é uma joia lapidada pela experiência, contendo segredos do passado e promessas para o futuro. O saber cultural é o sussurro da história nas canções entoadas ao redor da fogueira, o aroma das especiarias, que contam histórias de terras distantes, e a dança dos gestos que traduzem a linguagem silenciosa das tradições.

Dona Benedita trouxe a história de mulheres brasileiras pela protagonista de seu livro, Madalena, abordando os impasses que uma mulher passa para seguir seus sonhos em um mundo que muitas vezes luta em nível alto contra ela. Mas essa mulher, Madalena, vai além das adversidades e com sua força, transpassa e surpreende lindamente o leitor.

Já na Folia de Reis, as tradições de Paraty são recontadas pelo mestre Nilton, que falou abertamente sobre a mudança dos tempos e a vontade de enaltecer cada vez mais a cultura diversa do país, entregando uma bagagem de aprendizado às futuras gerações.

Por outro lado, em seu livro “Angola Janga” (Veneta), Marcelo D’Salete conta a história dos Palmares em uma perspectiva além do que já ouvimos e lemos. O Quilombo dos Palmares foi um dos maiores e mais duradouros quilombos do período colonial, resistindo por várias décadas às tentativas de invasão portuguesa. “Estamos em outro momento, com mais conhecimento e informações sobre esses personagens, e trazermos eles à tona”, disse ele. “A gente precisa lembrar que a história de Palmares só existe hoje em grande medida pelos movimentos populares e pelos movimentos negros, grupos e oralidade”, completou.

Neste contexto, o autor apresenta a figura de Ganga Zumba, o líder do quilombo, e comenta sobre a importância de sua figura na história brasileira, pois representa a resistência dos africanos escravizados contra a opressão e a busca pela liberdade. O termo “Ganga Zumba” pode ser traduzido como “grande senhor” na língua quimbunda, uma das línguas africanas faladas pelos povos que foram trazidos como escravizados para o Brasil. Ganga Zumba é muitas vezes lembrado como um líder que buscou negociações de paz com as autoridades coloniais, visando a autonomia para seu povo.

A roda foi mediada por Ana Carolina, que atua na FLIP desde 2017.

Foto: Gustavo David (@photosbygu)

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